segunda-feira, outubro 26, 2009

Dionísio descobre Ariana (Le Nain - Séc. XVII)

Hilda Hist por Rita Ribeiro; Ângela Rô Rô e; Mônica Salmaso


I
Hilda Hist

É bom que seja assim, Dionísio, que não venhas.
Voz e vento apenas
Das coisas do lá fora

E sozinha supor
Que se estivesses dentro

Essa voz importante e esse vento
Das ramagens de fora

Eu jamais ouviria. Atento
Meu ouvido escutaria
O sumo do teu canto. Que não venhas, Dionísio.
Porque é melhor sonhar tua rudeza
E sorver reconquista a cada noite
Pensando: amanhã sim, virá.
E o tempo de amanhã será riqueza:
A cada noite, eu Ariana, preparando
Aroma e corpo. E o verso a cada noite
Se fazendo de tua sábia ausência.

por Rita Ribeiro:


V
Hilda Hist

Quando Beatriz e Caiana te perguntarem, Dionísio
Se me amas, podes dizer que não. Pouco me importa
ser nada à tua volta, sombra, coisa esgarçada
No entendimento de tua mãe e irmã. A mim me importa,
Dionísio, o que dizes deitado, ao meu ouvido
E o que tu dizes nem pode ser cantado
Porque é palavra de luta e despudor.
E no meu verso se faria injúria

E no meu quarto se faz verbo de amor

por Ângela Rô Rô:


IX
Hilda Hist

Tenho meditado e sofrido
Irmanada com esse corpo
E seu aquático jazigo

Pensando

Que se a mim não me deram
Esplêndida beleza
Deram-me a garganta
Esplandecida: palavra de ouro
A canção imantada
O sumarento gozo de cantar
Iluminada, ungida.

E te assustas do meu canto.
Tendo-me a mim
Preexistida e exata

Apenas tu, Dionísio, é que recusas
Ariana suspensa nas suas águas.

por Mônica Salmaso:

2 Comentários:

Às 12:15 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

tem como baixar o disco?
bj.

 
Às 10:53 da tarde , Blogger ariane. disse...

lindo, lindo, lindo!!
ainda estou ouvindo a primeira..
ouvi o dia todo :')
obrigada por compartilhar essa preciosidade!! *-*
maravilhoso o seu blog!!! :)

 

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