Poema de João Cabral de Melo Neto em versão para teatro
"Funeral de um lavrador"
(de Morte e Vida Severina)
Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
_Aí ficarás para sempre
livre do sol e da chuva
criando tuas saúvas
_Agora trabalharás só para ti
não há meios, como antes
em terra alheia
_Trabalhando nesta terra
Tú sozinho tudo enfrentas
Serás semente, adubo, colheita
_Trabalharás numa terra
que também te abriga e te veste
embora cobrindo o nordeste
_Terás de terra
completo agora o seu fato
e pela primeira vez, sapato.
João Cabral de Melo Neto
(com alterações de Chico Buarque)
Para fazer download:
http://www.badongo.com/file/1088964
ou
http://rapidshare.de/files/26351138/Funeral_de_um_lavrador__vers_o_teatro_.mp3.html
Poesias Musicadas
"[...] poesia também é oral no sentido em que, com raras exceções, ou ela consiste em letra de música - o que significa a palavra cantada - ou ela fica melhor quando lida em voz alta." Antonio Cicero
2 Comentários:
Sempre com bom gosto! Ótimos poemas e oq é melhor: vc coloca em download!!!!
Mais uma vez! ótimo blog!
O seu blog é educativo e inspirador. Muito bom! Siga em frente.
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