quarta-feira, julho 19, 2006

Poema de João Cabral de Melo Neto em versão para teatro

"Funeral de um lavrador"
(de Morte e Vida Severina)


Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio

Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo

É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca

É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida

_Aí ficarás para sempre
livre do sol e da chuva
criando tuas saúvas

_Agora trabalharás só para ti
não há meios, como antes
em terra alheia

_Trabalhando nesta terra
Tú sozinho tudo enfrentas
Serás semente, adubo, colheita

_Trabalharás numa terra
que também te abriga e te veste
embora cobrindo o nordeste

_Terás de terra
completo agora o seu fato
e pela primeira vez, sapato.

João Cabral de Melo Neto
(com alterações de Chico Buarque)

Para fazer download:
http://www.badongo.com/file/1088964
ou
http://rapidshare.de/files/26351138/Funeral_de_um_lavrador__vers_o_teatro_.mp3.html

2 Comentários:

Às 12:35 da manhã , Blogger Marcelo Mayer disse...

Sempre com bom gosto! Ótimos poemas e oq é melhor: vc coloca em download!!!!

Mais uma vez! ótimo blog!

 
Às 10:11 da manhã , Anonymous Carla Scheffer disse...

O seu blog é educativo e inspirador. Muito bom! Siga em frente.

 

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